Aposentado continua na ativa por mais quatro anos, aponta estudo

Em média, os homens trabalham por mais quatro anos após a aposentadoria e as mulheres por mais dois anos, explica a economista Ana Amélia Camarano, organizadora do livro “Política Nacional do Idoso, velhas e novas questões”, lançado neste mês pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O principal motivo para o aposentado continuar na ativa é a necessidade de complementar a renda. Para 47% dos aposentados que trabalham, o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não é suficiente para pagar as contas.

Em parte isso é explicado pelo fator previdenciário, que corta cerca de 40% do benefício de quem se aposenta mais cedo. A medida foi incapaz de adiar a idade média da aposentadoria como esperava o governo, diz o pesquisador Jorge Felix. O trabalhador aceitou receber esse desconto no benefício para poder se aposentar.

De acordo com o estudo, as mulheres pedem a aposentadoria por tempo de contribuição com 54 anos, em média. A idade média em que os homens solicitam a aposentadoria por tempo de contribuição passou para 57 anos.

O envelhecimento da população também aumenta a proporção de idosos no mercado de trabalho. A combinação da redução na renda como aumento na expectativa de vida após a aposentadoria força os aposentados a se manterem na ativa.

Troca de Aposentadoria – Os aposentados que continuam na ativa e trabalham com carteira assinada são obrigados a contribuir com o INSS, mas não têm direito a benefícios. Com isso, muitos buscam a Justiça para tentar trocar de aposentadoria. Porém, na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou essa possibilidade. O que foi decidido no Supremo valerá para todas as ações em andamento e para as que forem abertas com esse pedido.

Nas mãos do Congresso – Os ministros decidiram que só uma lei pode criar benefícios ou vantagens para segurados da Previdência Social. Isso permite que o Congresso aprove uma lei que autorize a troca de benefício, mas, mesmo assim, a batalha não seria fácil. Até que uma nova lei seja aprovada e entre em vigor, quem entrar na Justiça para pedir a troca receberá uma resposta negativa. (Folha de S. Paulo)